Memórias de Um Náufrago: Capítulo XIV - Preparativos de Fuga.
Meus amigos, embora não gostasse de Juvenal, apiedei-me da situação dele. Seu bilau estava bastante queimado, o que parecia estranho, porque não seria conseqüência da queda pela ribanceira. Ao notar isso, procuramos investigar, e descobrimos que o órgão sexual do caracol gigante é lubrificado por uma substância que para um ser humano tinha efeito ácido. Assim, Juvenal, além de ter relações sexuais com uma bizarra criatura de Deus, assava o próprio pênis cada vez que o fazia. Ficamos estarrecidos! E quando o interrogamos sobre aquela aberração, o infeliz apenas respondeu:
- Era um queimorzinho até gostoso...
O homem era mesmo um doente. À medida que foi sarando, porém, ele foi ficando cada vez mais inquieto. A incapacidade temporária numa atividade tão vital pra ele o estava matando. De vez em quando sentava-se afastado dos outros, e chorava:
- Ah, Fanzinha, que saudade!... Você foi a mais quente que eu já encontrei...
E soluçava como um bebê.
Sua ira contra mim se acendeu com toda força. Ele passava repelente de mosquito no corpo e ficava a andar, totalmente despido, pra que as roupas não ferissem seu membro chamuscado. Estou eu ocupado lubrificando o eixo do sol e jogando paciência, e lá vem aquele infeliz cabeçudo e nu. Pára diante de mim e diz:
- Macartúrio, desgraçado, vou te pegar. Tem alguma coisa errada contigo, e vou descobrir.
- Sai de mim, infeliz!
- Tu não perdes por esperar, oh, miserável! Tua batata tá assando!
- O que tá assando é tua salsichinha, num é não?
- Me respeite, cachorro! Por tua causa me envolvi num relacionamento amoroso desastroso e sem esperança com uma criatura que destruiu meu coração. Estou desesperado!
- Mas criatura, tu num vês o desatino do que estás dizendo? Aquilo é um caracol gigante! Estás falando em relacionamento?
- Não zombe, infeliz! Você acha que ela não tem sentimento só porque é um caracol de um metro e setenta e deixa um rastro brilhante por onde passa? Macartúrio desgraçado, você vai me pagar!
E se foi. Temendo um gesto desesperado de vingança, resolvi acelerar minha partida. No dia seguinte, acordei bem cedo e fui até onde estava minha jangada. Estava distraído costurando o último pedaço de tecido na vela que improvisara, quando ouvi passos atrás de mim, e um grito:
- Ah! o que é isso?
Virei-me de chofre, e era Tereza, com as mãos nos quadris e cara de quem descobriu que eu esquecera de puxar a descarga. Sorri como um cretino, e disse a inacreditável frase:
- Oi, meu amor. Você por aqui?
- Pois é! Quem havia de dizer?
E aproximou-se. Rodeou lentamente a jangada, uma, duas vezes, e por fim disse:
- Até que não está mal... Melhor que as que as mulheres fujonas fizeram. Quando você pretendia me dizer que estava pensando em partir? – E havia suspeita e ameaça no seu olhar inquisidor.
- Queria fazer surpresa, meu amor! Ia contar no nosso aniversário!
- Sei... - Que ela fez, tornando a olhar a embarcação.
- Precisamos nos preparar pra partir. Juntar alguma comida, água... Não sabemos quanto tempo ficaremos no mar, até algum navio nos achar. Enfim, a liberdade!
Fiquei preocupado. Eu não tencionava fugir com aquela louca. Além do que, se eu a aborrecesse ela seria capaz de me jogar na água em alto-mar. Como eu faria agora, que a jangada estava pronta, para fugir sem ela? Mas algo pior ainda acontecera sem que eu soubesse. Escondido ao longe, Juvenal observava tudo, e nos seguiu até a caverna de Tereza.
- Era um queimorzinho até gostoso...
O homem era mesmo um doente. À medida que foi sarando, porém, ele foi ficando cada vez mais inquieto. A incapacidade temporária numa atividade tão vital pra ele o estava matando. De vez em quando sentava-se afastado dos outros, e chorava:
- Ah, Fanzinha, que saudade!... Você foi a mais quente que eu já encontrei...
E soluçava como um bebê.
Sua ira contra mim se acendeu com toda força. Ele passava repelente de mosquito no corpo e ficava a andar, totalmente despido, pra que as roupas não ferissem seu membro chamuscado. Estou eu ocupado lubrificando o eixo do sol e jogando paciência, e lá vem aquele infeliz cabeçudo e nu. Pára diante de mim e diz:
- Macartúrio, desgraçado, vou te pegar. Tem alguma coisa errada contigo, e vou descobrir.
- Sai de mim, infeliz!
- Tu não perdes por esperar, oh, miserável! Tua batata tá assando!
- O que tá assando é tua salsichinha, num é não?
- Me respeite, cachorro! Por tua causa me envolvi num relacionamento amoroso desastroso e sem esperança com uma criatura que destruiu meu coração. Estou desesperado!
- Mas criatura, tu num vês o desatino do que estás dizendo? Aquilo é um caracol gigante! Estás falando em relacionamento?
- Não zombe, infeliz! Você acha que ela não tem sentimento só porque é um caracol de um metro e setenta e deixa um rastro brilhante por onde passa? Macartúrio desgraçado, você vai me pagar!
E se foi. Temendo um gesto desesperado de vingança, resolvi acelerar minha partida. No dia seguinte, acordei bem cedo e fui até onde estava minha jangada. Estava distraído costurando o último pedaço de tecido na vela que improvisara, quando ouvi passos atrás de mim, e um grito:
- Ah! o que é isso?
Virei-me de chofre, e era Tereza, com as mãos nos quadris e cara de quem descobriu que eu esquecera de puxar a descarga. Sorri como um cretino, e disse a inacreditável frase:
- Oi, meu amor. Você por aqui?
- Pois é! Quem havia de dizer?
E aproximou-se. Rodeou lentamente a jangada, uma, duas vezes, e por fim disse:
- Até que não está mal... Melhor que as que as mulheres fujonas fizeram. Quando você pretendia me dizer que estava pensando em partir? – E havia suspeita e ameaça no seu olhar inquisidor.
- Queria fazer surpresa, meu amor! Ia contar no nosso aniversário!
- Sei... - Que ela fez, tornando a olhar a embarcação.
- Precisamos nos preparar pra partir. Juntar alguma comida, água... Não sabemos quanto tempo ficaremos no mar, até algum navio nos achar. Enfim, a liberdade!
Fiquei preocupado. Eu não tencionava fugir com aquela louca. Além do que, se eu a aborrecesse ela seria capaz de me jogar na água em alto-mar. Como eu faria agora, que a jangada estava pronta, para fugir sem ela? Mas algo pior ainda acontecera sem que eu soubesse. Escondido ao longe, Juvenal observava tudo, e nos seguiu até a caverna de Tereza.
0 Comments:
Post a Comment
<< Home